Ele, ainda criança, já se interessava por versos e poemas. Adorava ouvir as rimas do avô e suspirava quando era dia de leitura de poesia na aula e aquele menina de cabelo castanho, baixinha, lia os poemas de Drummond. Era quarta série, ninguém entendia nada, que diabo de pedra era aquela que ele falava, onde era Itabira e não entendia como um poeta como ele podia se interessar por futebol.
Anos depois entendeu como a poesia e o futebol se encaixavam com perfeição, mas mesmo assim, nem sempre foi adepto de esportes. Só um pouco do futebol, por causa do Drummond.
Sempre foi muito acanhado, muito tímido. Desde pequeno escrevia seus versos, mas nunca os mostrou à ninguém. Nem pra mãe, que achava que o menino tinha problemas mentais, nem pra menininha de cabelo castanho da escola, por que fora apaixonado durante toda a quarta, quinta e sexta série, antes de ter que mudar de cidade.
Na outra cidade, continuou sem fazer amigos, nem sair de casa, mas continuou escrevendo seus textos falando de seus sentimentos, sentimentos que só ele sabia que tinha.
Em dois anos tinha um livro cheio de poemas, contos e textos.
Um dia, cortou os pulsos. Morreu alí, em cima do caderno, manchando de sangue toda a sua vida, palavras que nunca foram lidas por ninguém, nem nunca serão pois agora não existem mais.
quinta-feira, abril 15, 2004
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