quarta-feira, abril 21, 2004

Eu estava voltando outro dia para casa, vindo da UNIFOR, quando eu e a Natália, que tava no carro comigo, vimos um corpo no chão da Washington Soares. Era um homem morto, atropelado.
Aquilo mexeu muito comigo. Olhei para aquele homem ali, no chão, em cima do próprio sangue cheio de curiosos em volta e pensei logo na esposa dele, em casa, vendo a novela, talvez até pensando no marido, esperando a hora dele chegar em casa do trabalho. Os filhos, esperando o pai pra contar alguma novidade da escola, ou pedir alguma coisa, sei lá, qualquer coisa que precisassem.
Aí olhei para aquelas pessoas em volta do corpo, e olhei pros carros que passavam, davam uma olhada e ia embora.
Depois que vi isso tudo, olhei pra Natália e disse bem assim: “Sabe o que é pior? Tu vai agora olhar pra mim e vai falar alguma coisa que num tem nada a ver com o que a gente viu agora. Simplesmente não vimos nada demais.” Triste isso, né? Aquelas pessoas passando de carro, olham o corpo do homem, checam rapidamente pra ver se ele morreu mesmo, aí o marido olha pra esposa e diz: “Tem pão em casa, ou temos que ir no supermercado?”, aí a esposa responde e eles continuam vivendo a vida deles, enquanto uma vida acabou e muitas outras vão ser alteradas por aquele fato. Triste fato. Pense nisso.

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