sexta-feira, maio 21, 2004

no centro da cidade

Caminhava apressada em uma calçada tulmutuada do centro da cidade. Olhava desconfiada os garotos de bermuda e boné enfiados na cabeça que passavam o dia nas lojas de cd´s de heavy metal, olhava com pena os pedintes que se acumulavam ao longo do caminho e tinha dó dos vendedores ambulantes que tinham suas coisas apreendidas quando "os cana" chegavam. Ah, e ela adorava aquela expressão, "os cana".
Apressava o passo sempre que via alguma oferta estampada na vitrina. Aí acabava entrando e provando umas quatro ou cinco blusas diferentes, provava uns três sapatos e, às vezes, um ou dois vestidos, deixava o pobre do vendedor morto de cansado e ia embora sem comprar nada. Na verdade nunca comprava nada. Ia só olhando e provando mesmo. Parava de vez em quando pra comer um picolé ou um pastel, além disso a única coisa que a fazia gastar seu dinheiro no centro era o cinema. Ela adorava pegar as sessões do fim de tarde, quando os namorados se espremiam nas cadeiras de couro vermelho no cinema mais bonito da cidade.
Na verdade, ia ao centro da cidade só pra passear mesmo, clarear as idéias na cabeça, olhar as pessoas, vitrinas e roupas. Gostava do medo que o centro lhe dava, gostava dos sentimentos que afloravam em cada esquina que dobrava.

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